Nunca vou me esquecer daquela manhã de sábado em meados do final de 2007, sinceramente... nunca vou me esquecer...
Naquele dia ao chegar no ensaio, tudo o que eu pedira para Deus era uma resposta clara, estava em busca de ouvi-lo e era somente aquilo que eu queria...
... A palavra que eu recebera naquela manhã foi tão clara que dentro de mim eu tinha certeza que jamais a esqueceria, realmente eu não me esqueci, mas hoje em especial, lembrei dela como se novamente a tivesse escutando de novo, e por isso, decidi unir a lembrança da forte palavra ministrada pelo meu líder naquela manhã, com o que pulsa no meu coração hoje:
É isso! Não foi atoa que acordei lembrando disso hoje, não foi! Descobri refletindo sobre esses últimos dias, que por muitas vezes eu tive que me desembrulhar para o novo, mas que por infinitas vezes naturalmente fui me embrulhando de novo.... Como isso é paradoxo! Mas é exatamente assim!!! Acordei hoje não somente com a certeza de que é hora de desembrulhar novamente, como com uma palavra de confirmação para tal sugestão:
“Alargue o lugar de sua tenda, torne ainda maior o lugar aonde você mora e não faça economia nisso. Encompride as cordas e pregue bem as estacas. Pois você se estenderá para a direita e para a esquerda; seus descendentes desapossarão nações e se instalarão em suas cidades abandonadas. Não tenha medo; Você não sofrerá vergonha. Não tema o constrangimento; você não será humilhada. Você esquecerá como foi humilhada como era jovem, e não lembrará mais da desgraça da sua viuvez. Pois o seu criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é o seu Redentor, o Deus do mundo inteiro a salvará...” (Isaías 54:2-5)
Eu poderia continuar, já que o capítulo inteiro falou comigo, e veio como uma confirmação; mas paro por aqui e deixo você terminar de ler em sua bíblia... Agora pouco, lendo a palavra citada acima em minha antiga bíblia encontrei a seguinte anotação:
“...e não me deixe esquecer o que queres de mim.”
Realmente desembrulhar dá medo, alargar a tenda assusta... Mas é vencendo essas barreiras que tocamos na promessa.
Tenho certeza: Já caminhei de mais te aqui, tentei pegar o vento, me esforcei para contar os grãos de areia, dediquei tempo somando as estrelas e esqueci de mais uma vez me desembrulhar.
Ele me quer desembrulhada, com tendas alargadas e “sem medo”.
E para complementar todas essas palavras e co-ligações, abaixo um texto de Alberto Caeiro, que também expressa o que eu quero dizer, parece arrancado de dentro de mim, como um punhal enfincado na carne:
"Deste modo ou daquele modo.
Conforme calha ou não calha.
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Procuro dizer o que sintoConforme calha ou não calha.
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à idéia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos."
(Alberto Caeiro)
Sei que Deus falou co você.
Boa terça!
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