terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sem medo

Nunca vou me esquecer daquela manhã de sábado em meados do final de 2007, sinceramente... nunca vou me esquecer...
Naquele dia ao chegar no ensaio, tudo o que eu pedira para Deus era uma resposta clara, estava em busca de ouvi-lo e era somente aquilo que eu queria...
... A palavra que eu recebera naquela manhã foi tão clara  que dentro de mim eu tinha certeza que jamais a esqueceria, realmente eu não me esqueci, mas hoje em especial, lembrei dela como se novamente a tivesse escutando de novo, e por isso, decidi unir a lembrança da forte palavra ministrada pelo meu líder naquela manhã, com o que pulsa no meu coração hoje:

Acho que naquela manhã eu buscara algo concreto de Deus, mas obtive algo diferente do que buscara, obtive uma palavra de vida que mudaria para sempre os meus dias; lembro-me claramente daquela metáfora que meu líder usou, que muitas vezes somos como presentes bem embrulhados com o papel mais bonito, ficamos tão cômodos dentro do nosso embrulho, mas o que Deus mais quer é nos desembrulhar para que possamos ver e viver o novo, a novidade, o outro mundo que está aquém de tudo aquilo que vivemos; posso recordar da seguinte afirmação citada por ele: “É! Mas o novo nos dá medo...E é natural, já que precisamos ser descobertos para isso, precisamos tirar o embrulho, precisamos estar sem as nossas vestes, aquilo que nos representa proteção”.
É isso! Não foi atoa que acordei lembrando disso hoje, não foi! Descobri refletindo sobre esses últimos dias, que por muitas vezes eu tive que me desembrulhar para o novo, mas que por infinitas vezes naturalmente fui me embrulhando de novo.... Como isso é paradoxo! Mas é exatamente assim!!! Acordei hoje não somente com a certeza de que é hora de desembrulhar novamente, como com uma palavra de confirmação para tal sugestão:

“Alargue o lugar de sua tenda, torne ainda maior o lugar aonde você mora e não faça economia nisso. Encompride as cordas e pregue bem as estacas. Pois você se estenderá para a direita e para a esquerda; seus descendentes desapossarão nações e se instalarão em suas cidades abandonadas. Não tenha medo; Você não sofrerá vergonha. Não tema o constrangimento; você não será humilhada. Você esquecerá como foi humilhada como era jovem, e não lembrará mais da desgraça da sua viuvez. Pois o seu criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é o seu Redentor, o Deus do mundo inteiro a salvará...” (Isaías 54:2-5)

Eu poderia continuar, já que o capítulo inteiro falou comigo, e veio como uma confirmação; mas paro por aqui e deixo você terminar de ler em sua bíblia... Agora pouco, lendo a palavra citada acima em minha antiga bíblia encontrei a seguinte anotação:
“...e não me deixe esquecer o que queres de mim.”
Realmente desembrulhar  dá medo,  alargar a tenda assusta...  Mas é vencendo essas barreiras que tocamos na promessa.
Tenho certeza: Já caminhei de mais te aqui, tentei pegar o vento, me esforcei para contar os grãos de areia, dediquei tempo somando as estrelas e esqueci de mais uma vez me desembrulhar.

Ele me quer desembrulhada, com tendas alargadas e “sem medo”.

E para complementar todas essas palavras e co-ligações, abaixo um texto de Alberto Caeiro, que também expressa o que eu quero dizer, parece arrancado de dentro de mim, como um punhal  enfincado na carne:

     "Deste modo ou daquele modo. 
     Conforme calha ou não calha. 
     Podendo às vezes dizer o que penso, 
     E outras vezes dizendo-o mal e com misturas, 
     Vou escrevendo os meus versos sem querer, 
     Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos, 
     Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse 
     Como dar-me o sol de fora.
     Procuro dizer o que sinto
     Sem pensar em que o sinto.
     Procuro encostar as palavras à idéia
     E não precisar dum corredor
     Do pensamento para as palavras

     Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir. 
     O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado 
     Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

     Procuro despir-me do que aprendi, 
     Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, 
     E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, 
     Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, 
     Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, 
     Mas um animal humano que a Natureza produziu.

     E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem, 
     Mas como quem sente a Natureza, e mais nada. 
     E assim escrevo, ora bem ora mal, 
     Ora acertando com o que quero dizer ora errando, 
     Caindo aqui, levantando-me acolá, 
     Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

     Ainda assim, sou alguém. 
     Sou o Descobridor da Natureza. 
     Sou o Argonauta das sensações verdadeiras. 
     Trago ao Universo um novo Universo 
     Porque trago ao Universo ele-próprio.

     Isto sinto e isto escrevo
     Perfeitamente sabedor e sem que não veja
     Que são cinco horas do amanhecer
     E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
     Por cima do muro do horizonte,
     Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
     Agarrando o cimo do muro
     Do horizonte cheio de montes baixos."

                                                                   (Alberto Caeiro)


Sei que Deus falou co você.
Boa terça!

Nenhum comentário:

Postar um comentário